When you met me I was a little girl. 
 You fell in love with this crazy girl, 
 Then you tried to kill her, 
 Then you asked where did she go.

Ei menino solitário, cá estou despedaçada em pedaços bem pequenos (veja! Talvez você queira engolir, talvez você queira escondê-los). Ei menino solitário, cá estou a odiar cada momento em que nos dei uma nova chance, a odiar cada momento em que acreditei em nosso para sempre. 

Veja! Você queria me fazer chorar, queria me ver quebrar e desmoronar... Então, sorria e observe! Pois... sinto em dizer: não será para sempre. 

Não importa o quanto você duvide, eu te amei até o último minuto, até mesmo quando a minha esperança respirava por aparelhos. Infelizmente, menino solitário, eu te amei até mesmo quando você quis fugir da nossa realidade, quando tudo o que você queria era fugir de nós mesmos. 

 Infelizmente, menino solitário, eu errei e te amei mais do que amei a mim mesma. Tolices de uma menina que você me ajudou a sufocar... 

 Você me fez mulher, me ensinou a secar as lágrimas de menina, você me ensinou a lutar, a jamais apenas esperar. Você me ensinou a amar quem eu sou, a admirar cada pequeno átomo do meu ser, e por isso eu te amei um pouco mais. Você me ensinou a ser forte, mas também me deu forças para sufocar a pequena menina chorona que vivia aqui dentro, a pequena menina sonhadora que respira por aparelhos dentro de mim. Até o dia em que aprendi que matar a menina, era matar também a mulher. 

 Estava tudo bem, mas você pintou em sangue nossa história. Você reescreveu cada dia bonito que vivemos. Assim fica mais fácil para você, mas isso me mata um pouco mais. 

 E… bom, toda mudança tem seu preço. Aquela menina imatura e apaixonada te impedia de fugir quando tudo ficava complicado demais para lutar. Aquela menina apaixonada pela vida, pela leitura e pelas estrelas era quem te pedia para ficar, era quem tinha medo do escuro e chorava a noite. Separar quem é a menina de quem é a mulher foi como separar o médico do monstro: terrível e assustador. 

 A mulher é linda, forte e inteligente, mas é cruel, sorridente e apenas segue em frente. Ela traça estratégias capazes de chegar a qualquer lugar, basta saber onde quer chegar. 

 A menina é irresponsável e inconsequente, ela chora fácil, ama intensamente e acredita até mesmo no inalcançável. A menina nem mesmo hesita ao pedir para ficar, ao se declarar, ao decidir fugir de seu sólido castelo para qualquer lugar. Ela sabe o que quer, e querer abraçar o mundo não lhe parece muita coisa. 

 Eu estava sangrando antes que eu pudesse perceber a dor que estava sentindo, antes que pudesse entender que ferida causou tudo isso. Escondi as lagrimas antes que pudesse perceber que estava chorando. Eu precisava ser forte por nós, mas não pude ser forte por mim. Isso me matou um pouco mais. 


 E hoje a menina respira por aparelhos, menino solitário, nós a colocamos lá, quase conseguimos exterminá-la. Eis que nos deparamos com uma confusa ironia: me vi mulher a chorar com saudades da menina que um dia fui. Encontrei-me sentada no meio-fio de uma rua confusa e abstrata, ali me encontrei machucada, magoada, desesperada. Era apenas uma mulher poderosa que quebrou seu salto e caiu um tombo vergonhoso no meio da festa, uma mulher que se viu querendo ser apenas uma menina. 

  Sempre fui muito boa em amar, mas não poderia deixar o amor me sufocar. Foi por isso que eu parei de te pedir para ficar. Foi por isso que eu me escondi dentro de mim. 

  Não seja tolo em dizer que nunca vou te entender, pois essa dor da solidão de nossos últimos meses eu vivi todas as vezes em você desistiu de nós, todas as vezes que lutei sozinha pelo nosso amor. Essa dor de procurar alguém que não estava lá foi o que me ajudou à menina sufocar. Se ela não voltou para chorar foi porque um dia ela esgotou todas as suas lágrimas quando você disse que não a queria mais. 

 Sempre fui uma menina sonhadora, sempre quis ser tudo aquilo que eu pudesse ser. E eu me recuso a ir embora de mim mesma, ainda que isso possa doer. 

 Ah, menino solitário, como eu queria que tudo fossem as rosas que você me deu, as louças que você gentilmente lavou e os domingos preguiçosos com filmes e vídeo games. Como eu queria que tudo fossem as vezes que eu movi o mundo para te ver bem, nossos passeios no parque e nossas idas ao cinema. Mas nossa história é também sobre discussões sem sentido, sobre como você despreza meu amor pelas estrelas, é também sobre as amizades que deixei no passado e todas as vezes que chorei em pleno desespero. 

 Você disse que me amava até mesmo nos detalhes, você disse até mesmo que fez de tudo para nos salvar. Por que você não foi sempre assim? Por que eu precisei me afastar para que você encontrasse o melhor de mim?






Obs. Escrito em 21/05/2020

Fonte da imagem: https://www.deviantart.com/nanfe/art/before-my-world-falls-507068230

"A arte imita a vida."

Hey Geek Boy, o que está a procurar? Sua rainha para amar? Sua companion para viajar a todos os lugares do universo em aventuras pelo tempo e espaço? Sua menina para compartilhar todas as manhãs de domingo?

Onde será que ela está? Na faculdade? Em algum aplicativo online? A amiga de um amigo talvez? Na vizinhança do seu bairro? Ou quem sabe em algum outro planeta?

Talvez em todos os lugares, talvez em nenhum, Geek Boy. Talvez já a tenha encontrado e não queira notar. Talvez como uma bela comédia romântica você esteja a viver este roteiro confusamente elaborado.

Geek Boy, está preparado para perceber quando o primeiro dia do resto de suas vidas começar? Está preparado para percebê-la quando ela chegar? Pois eu vou lhe contar: o amor não avisa que está para chegar, o amor não avisa como irá se disfarçar, tampouco avisa como tudo deve se desenrolar.

Ele apenas vem. Ele disfarçadamente pede para que você o permita ficar. Ele apenas espera que você se permita viver, que se permita vive-lo.

Eu sei, Geek Boy, ela não é perfeita, ela morre de medo de baratas, chora fácil quando fala em sentimentos e é péssima em contas de matemática. Eu sei, Geek Boy, ela partiu seu coração uma vez, mas nenhum amor é perfeito a ponto de viver sem nenhum desentendimento. O tempo passou, o mundo girou seis vezes e cá estão seus caminhos cruzando novamente, após procurarem o amor em outros braços.

É uma verdade universal que amores de adolescência dificilmente duram. Eles têm a beleza da intensidade, mas têm o defeito da inexperiência, da ausência de maturidade. Mas e quando a pessoa certa é seu primeiro amor? Talvez, Geek Boy, o tempo tenha cuidado do que vocês não saberiam resolver.

Geek Boy, continue a acreditar, mas preste atenção para não deixar o amor passar. Lá fora há muitas meninas bonitas a colecionar diplomas, mas poucas se apaixonariam pelas suas estranhas manias. Lá fora o oceano é vasto, mas poucas sereias mergulhariam no verde dos teus olhos.

Não se assuste, Geek Boy, mas há quem sonhe com seu sorriso todas as noites antes de dormir. Não se desespere, Geek Boy, mas o amor veio bater novamente, não como você ou ela esperavam, mas como a vida escolheu que deveria ser.




Obs. Escrito no dia 16/05/2020.

Fonte da imagem: https://www.deviantart.com/erinbird/art/looking-for-love-354246262




















Quatro anos e três meses inteiros foi a sentença que não sabíamos estar fadados a cumprir naquele 23 de janeiro ensolarado. Em um 23 com um beijo roubado tudo começou, em um 23 com sensação absurda de vazio tudo terminou.

Começar foi tão fácil, foi deixar a correnteza levar, apenas deixar fluir. Aprender a te amar foi como provar café: numa primeira tentativa o paladar pode até estranhar, mas vai pedir mais apenas para confirmar o sabor, e quando menos espera vai perceber o pequeno vício onde foi parar. Até o dia em que percebe que o café está a lhe dar insônia e seu paladar mal nota seu sabor, como se água fosse.

E ia durar para sempre, por quatro anos inteiros foi para sempre... mas não somos Lilly e Marshall, somos Ted e Victória*: destinados a seguir caminhos diferentes. Chegou a hora de perseguir nossos sonhos, de viajar para outros mundos se preciso for. Cá entre nós: talvez até tenhamos vindo de planetas diferentes, leãozinho.

Mas dói. É como estar naquele mesmo rio cuja correnteza nos levou, mas é subir a correnteza, é andar na contramão. É desacostumar com as conversas, os debates políticos e as declarações singelas, desacostumar com as mensagens de “bom dia” e a maneira como você reclamava da louça que eu largava na pia. Dói. Precisa doer. Somente assim o tempo será capaz de nos curar.

Dói, pois agora há um enorme vazio aqui dentro de mim. É como parar de tomar café e precisar se manter acordado após noites mal dormidas. Difícil, dolorido e necessário.

Eu sou ciência, poesia e imaginação. Você é lógica, música e tradição. Tão próximo e tão distante ao mesmo tempo. Você até mesmo disse que sou sua estrela brilhante, mas você não gosta de olhar para o céu, sempre foi de manter os pés no chão.

Leãozinho, nenhum dia jamais será igual depois daquele 23. Mas nós crescemos e precisamos seguir em frente, ou foi essa a história que contamos. Com algumas reticências constrangedoras, só me resta dizer: obrigada por fazer parte da minha história...





Obs. Texto escrito no dia 04/05/2020, inspirado em D.D.E.S. e dedicado a ele, pois esses últimos 4 anos foram foram incrivelmente reais.


Fonte da imagem: https://www.deviantart.com/korny-pnk/art/Goodbye-my-lover-71118272