Ele chegou despercebidamente, disfarçadamente e sem pedir licença por ali se acomodou. Ele veio sem saber onde iria dar, sequer sabia que iria para algum lugar. Ele a roubou de pouquinhos, um pouquinho do seu tempo, um pouquinho de seu carinho, um pouquinho de seus pensamentos, um pouquinho de seus sorrisos.

Ela sabia que não iria acontecer, que não era nada e por isso o deixou ficar. Ela ria do que ele dizia porque sabia que nada iria mudar, porque ele estava bem e ela iria melhorar. Ela confiava nele e isso não sabia explicar, mas falava da vida, dos amores, dos rancores, falava dos desejos e daqueles segredos que pensou que nunca iria contar. Ela o chamou de amigo sem hesitar.

Ele a ouvia e devagarzinho a conhecia. Ele não entendia metade do que ela tinha a falar, achava-a linda e não compreendia tantas desilusões. Ele pensou em como gostaria de estar perto para poder a ela consolar, para poder a ela abraçar. Ele disse que eles combinariam e sem saber a fez corar.

Ela procurava por um novo alguém por quem pudesse se apaixonar, por alguma estranha razão gostava de viver a sonhar. Ela pensou que talvez pudesse o amar, não vivesse ele tão longe, não tivesse ele um outro amor. Ela já não sabia se as coisas poderiam não mudar. Ela já não sabia que a vida dele não estava tão bem quanto parecia.

Ele gostava de quando ela o procurava, ainda que fosse para de um professor reclamar. Ele contou que já não estava bem e diante dela se deixou desmoronar. Ele já não era estável, mas era o principio de um incerto amor. Ele por vezes então se perguntava onde iria parar, e se iria parar. Ele percebia que a admirava e optou por a ela contar.

Ela não soube o que fazer ou que pensar. Ela sabia que provavelmente dariam certo e isso era de assustar. Ela sentia que o queria tão perto quanto ele não poderia estar. Ela percebeu que sentia saudades dele mesmo que ele aparecesse todos os dias, sentia falta de todos os momentos que ainda não vivera. Ela sequer entendia porque, mas sabia que estava por se apaixonar.

Ele soube de pouquinho que os pouquinhos que roubara dela eram agora ela por inteiro. Ele continuava sem saber onde iria dar, mas optou por se arriscar.

Ela sabia que tudo havia mudado e que havia acontecido. Ela sabia que assim funcionava porque um dia acreditara que com ele não iria a qualquer lugar.

Eles estavam felizes e pelo menos naquele momento para sempre iria durar.






Obs. Texto escrito em algum momento da primeira metade de 2014, inspirado em K., o pior erro que essa escritora precisou cometer.