Tola menina estática a sorrir para o computador diante da declaração inesperada. Tola menina distraída a sorrir para a vida diante das possibilidades a surgir. Tola menina a divagar, com um frio na barriga, aonde o passo seguinte vai levar. Tola menina apaixonada.

Menina que fez de sua vida um roteiro pré-programado, datas pré-marcadas e sonhos tão bem organizados. Esqueceu-se, contudo, que os melhores momentos não estariam marcados em seu calendário. Esqueceu-se que os melhores dias chegariam ao acaso, numa segunda-feira ensolarada ou numa inusitada quarta nublada.

Tola menina mulher a sonhar que sua vida poderia fugir dos clichês de cinema, que poderia ser personagem secundária e viver sua vida bem estruturada. Menina tola em não perceber: aprendeu a viver apaixonada, aprendeu a viver em sua realista terra de ficção afinal.

E chora feito criança ao perceber: não vai funcionar. A vida não se programa como uma agenda escolar ou um computador. Na vida não se marca data para se apaixonar, como não se sabe em que dia ela, a vida, irá acabar. Na vida se vive de metamorfoses constantes.

E talvez seu erro seja não errar. Talvez a melhor maneira de seguir os planos seja não planejar. Talvez a vida venha numa previsível sequencia de acasos inesperados. Talvez precise se perder para se encontrar.

Louca menina apaixonada a esquecer-se então do amanhã e viver da insanidade do agora. Já não teme as feridas que possa ganhar, arrisca-se em falar de sentimentos que outrora preferia ocultar. Insana menina amada a perder-se em lençóis, em suor, em amor. Apenas vive e deixa a vida seu rumo tomar.

Ainda soa absurdamente estranho poder te dizer que gosto tanto de você!




Obs. Texto escrito em algum ponto do começo de 2014, quando os dados foram jogados e tudo mudou. Inspirado em K., portanto, não merece dedicatória. O título não poderia ter sido mais apropriado.

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