Não foi uma decisão tomada as pressas, não foi um completo acaso. Há anos o casal planejava aquela viagem, sonhava com aquela vida incomum. Pouparam dinheiro, gastaram noites com planos que por vezes pareciam absurdos, venderam algumas férias e trabalharam motivados. Até que o dia do futuro distante finalmente chegou.


Veriam os mais coloridos mares,
Respirariam os mais puros ares.



Rumaram para o litoral e, em um pequeno barco, abandonaram seu país para tornarem-se cosmopolitas. Mas em meio a uma tempestade acabaram por viajar para um novo planeta.


No oceano uma perdida ilha,
E ali naquela praia, de gravetos uma pilha,
Um sinal de fumaça, uma última esperança,
E numa caixa uma ou outra lembrança.



No meio do caminho um acidente. O que lhes restou foi apenas uma ilha desconhecida, esquecida, selvagem. Na bela praia deserta fizeram uma fogueira e ficaram a esperar pelo resgate.


Estavam perdidos,
Do mundo escondidos.
Simplesmente esquecidos.



Os dias passaram, os tempos mudaram e ninguém veio resgatá-los. Ninguém apareceu para ajudar. Precisaram pescar, caçar, colher e seguir em frente. Precisaram sobreviver. O tempo continuaria a passar. Mas eles estavam bem afinal, sequer imaginavam que era ali onde estavam a salvo, longe de tudo, longe do mundo.


Ninguém os procurou,
Nenhum navio passou no horizonte
Para notícias não havia fonte.



Todos estavam preocupados demais consigo mesmos. Salvar-se, lutar pela própria vida, a primeira regra de um mundo até então desconhecido.


O mundo acabou, mal poderiam imaginar.
A vida já não era a mesma além do mar.
Se a vissem, não almejariam voltar.



O tempo passou e numa garrafa uma carta lhes chegou. Um pedido de ajuda, a única notícia que algum dia chegou. Então souberam: o mundo havia acabado, sem saída, sem fuga de emergência. A cidade havia incendiado, mas nada importava mais. Sobreviver era a única lei que lhes restara.

E assim descobriram que sobreviver por ali era bem melhor! Seu sonho estava realizado!



Fonte da imagem: http://foureyes.deviantart.com/art/Pingtan-island-54736681


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3 Responses so far.

  1. Acho tão lindo você dar o crédito da imagem. E esse texto me lembra terrivelmente "Odiosa natureza humana".

    Sonhos que eu tenho por noites seguidas
    Do mundo acabando num belo dia
    Sem choro, nem despedida
    Mesmo porque ninguém se conhecia

    Chame de misantropia, ou como quiser
    Mas você não me engana
    Não perde quem desconfia
    Culpa da nossa
    Tão odiosa natureza humana

    Em tempo, eu preferia morrer no mar de fogo que passar o resto da vida a base de agua de coco e peixe, socorr

  2. Passei a dar os créditos após conhecer um amigo que posta no Deviantart, ele costuma reclamar sobre quem compartilha imagens artisticas sem dar o crédito. Percebi que é algo necessário desde então.

    Amei esse poema *--* Vai bem de acordo com umas ideias minhas. ^^

    sahsuahsuah É, talvez enfrentar o apocalipse seja menos tedioso.

  3. Se fosse tédio a base de carne bovina e muppy eu encararia q

    E é uma música, do matanza, lol

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