Os ossos amarelados e a carne pútrida. Ossos esgotados de toda a energia que ali vivia. Carne perdida, desinibida de toda a dor que ali habitava. Pedaços de um tempo que já se foi, de uma alma que muito sofreu.

Risos e conversas exaltadas. Risos adocicados, temperados ao sabor da juventude que vai passar. Conversas logo esquecidas, donas de um momento que não vai voltar. Estudantes vivendo em função de um futuro que para poucos irá chegar.

Um dia serão então a carne que os vermes agora sequer nascidos irão devorar. Em seus caixões de madeira, também podre, para o pó da terra retornarão. E, eventualmente, um deles há de ficar, há de durar para sempre nas salas fétidas que as próprias bactérias não podem suportar.

E, eventualmente, um deles há de durar, há de sobreviver ao passar dos tempos. Um deles, eventualmente, não corpo, mas alma deve doar. Num outro tempo, que o próprio tempo há de levar, outra alma deve a contemplar.

E os ossos permanecem lá, na fétida sala escura, sem que a luz do sol possa lhes tocar.

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2 Responses so far.

  1. Noty says:

    A aula de anatomia humana é um ciclo... Modo de visão bem interessante. Mas você não curtia a aula MESMO, hem?XDDD
    Pela descrição e fluir das palavras parecia um tanto tediosa, na verdade...

  2. Eu não diria tediosa, é mais pra algo que me fazia pensar demais em coisas não relacionadas ao conteúdo, mas ao que aquelas pessoas haviam sido algum dia.

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