Amor eternamente passageiro


Apaixonou-se. Sem explicação ou motivo real. Sem razão ou sem qualquer palavra em especial. Mal o conhecia, mas amou a possibilidade de tudo o que poderiam ser. A direção de seus próprios pensamentos ela pouco compreendia, mas sem questionar aceitou neles imergir.

Talvez houvesse algum sentido biológico, talvez fosse apenas pelo sorriso contagiante. E muito provavelmente havia um carinho próprio pelas discussões literárias que talvez pudessem se estender pelas madrugadas que nunca vieram. Talvez fosse pela coleção de “talvezes” que ele proporcionava.

Vivia no meio termo da ausência de controle do que não poderia fazer e ditar a si mesma o que o mundo poderia ver. Assim não desistia, tampouco seguia em frente. Vivia na esperança de mostrar-se digna de um conto de fadas moderno, de que um olhar fosse suficiente para uma paixão platônica tornar-se real.

Incontáveis formas de amores brotavam ao seu redor, mas seguia adiante optando por seus imperfeitos amores imaginários. Imperfeitos apenas porque a perfeição também é um defeito. Vivia imersa nas memórias de mil declarações que jamais aconteceram.

Ao fim do dia não importavam os diálogos imaginários, sempre tão simétricos, apenas o caminho que traçavam. Não importavam os cenários, somente os personagens que os moldavam em seu caminhar distraído. Personagens baseados em uma pequena fração de realidade e todo um universo de imaginação e vaidade.

Por incontáveis vezes apaixonou-se traçando roteiros jamais cumpridos em sua comum realidade. Criava em seu mundo de fronteiras imaginárias amores irracionais que por uma noite durariam eternamente.

Não esperava, contudo, poesias e serenatas, tampouco enormes buquês de flores e amor incondicional por tempo incontável. Sequer esperava a eternidade de uma vida em conjunto. Apenas esperava pela coragem de um beijo roubado, pela ousadia de um cavalheiro apaixonado. Esperava pelo inesperado.

Não almejava pedidos e declarações que a obrigassem a decisões imutáveis. Não para um começo do que jamais ocorreu. Esperava apenas sentir-se a princesa que por escolha sempre foi.





Obs. Texto escrito em algum ponto de 2012, ano de cursinho e de fim de mundo, inspirado em um dentre tantos amores que apenas passaram.




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2 Responses so far.

  1. Amore imaginários, quem nunca?

  2. Paixões platônicas, sua única utilidade é nos inspirar. ><

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